lisboa (portugal)
18.04.06-17.04.07
nagpur (índia)
25.12.06
kathmandu (nepal)
22.03.07
A todos os místicos e místicas
Que inspiraram estas modestas letras:
Francesco, Eckhart,
Juan de la Cruz, Teresa de Ávila,
Ramana Maharshi, Jiddu Krishnamurti,
Bede Griffiths, Thomas Merton, Ernesto Cardenal...
“Poesía:
La única forma de decir
la verdad sobre la Tierra”[1].
“Contemplation is to see and to hear from the heart.
It takes us beyond sense perception.
It is to relate to things as they are”[2].
“To share in the vision of God means
that we have to pass beyond all concepts
of the rational mind
and all images derived
from the senses.
We must pass into the world of non-duality,
in wich our present mode of consciousness
is transcended”[3].
“The ultimate mystery cannot be named,
cannot be properly conceived”[4].
1. O Holismo é uma filosofia de vida. Uma filosofia global. Uma filosofia cuja melhor exemplificação é de maneira poética. Por quê? Porque a “palavra filosófica”, o conceito, a ideia, é algo sumamente abstracto e fixo, estático, imóvel, incapaz de captar uma Realidade que se nos apresenta de maneira fluida, ágil, flexível, impermanente. A Poesia é então a melhor maneira de expressar o que é inexpressável. A melhor maneira de deixar a Realidade ser ela própria. Porque é precisamente disso que se trata: deixar a Realidade ser Realidade.
A Poesia torna-se ou pode tornar-se então um espaço de encontro com o Absoluto, revelado no concreto, no temporal, no efémero. No quotidiano da existência humana.
A
Poesia passa assim a ser um “método”, um caminho de “de-velação” (M. Heidegger)
da Realidade que não fixa nada: somente acompanha... A Poesia “abre” o mundo
que é infinito em possibilidades, desde a própria Existência vivida em
Autenticidade. Por isso, as metáforas serão sempre possíveis, umas melhores do que outras, numa
superação infinita. (Claro, a questão é ser-se bom poeta...).
É
esta, portanto, uma Poesia “metafísica”, mas baseada na “física”, na
materialidade, no concreto da vida, que é, sobretudo, dinámico, uma
“diafanidade do Ser” que convive com o Não-Ser. Ou seja, que é amba as coisas
ao mesmo tempo. Depende da Óptica. Depende da nossa “epistemologia” pessoal.
Epistemologia que não foge da “contradição”, do paradoxo, porque a própria Vida
é contraditória.
Sim,
porque trata-se aqui duma Óptica, duma maneira diferente de encarar a
Realidade. Nenhuma visão a “fecha” definitivamente, porque a Realidade é
Omni-Realidade, sempre Diversa, sempre Una. Trata-se de pormo-nos a caminho.
Os
Pés são a metáfora da Poesia Metafísica.
É
uma Poesia filosófica, programática, mas tenta ser “fluente”, flexível,
passageira (porque a Realidade “passa”). É a Poesia transformada em dinamismo
vital, criativo. Criar é ser Realidade, melhor,
é ser-se possuíd@ pela Realidade. Nós somos a
Realidade!
O problema principal radica nos obstáculos que nos
impedem ter consciência de que já
somos, Aqui e Agora, essa mesma
Realidade. Por isso, a Poesia é aqui um caminho de Despertar, de Iluminação, de
Nirvana espiritual-vital. De abrir os olhos ao Original, ao que já somos, mas
que esquecemos. Poesia é aprender a
Reconhecer, melhor, “re-conhe-Ser”. Eis aqui o melhor da maiêutica socrática e
de várias filosofias orientais.
2.
De um ponto de vista formal, este nosso texto subdivide-se em duas partes: uma,
dedicada à Poesia; a outra, à Prosa Poética.
Mas,
no fundo, trata-se duma mesma
temática: o Holismo. Por quê esta diferença formal? Porque na Poesia o conteúdo
pretende ser mais “sintético”. Na Prosa Poética, mais “exegético”. É uma questão de acentuação. As duas
complementam-se.
Ou
seja, na primeira delas, aparece mais “concentrado”, mais “integral” o que se pretende
dizer. Na segunda, tenta “explicar-se” um pouco mais. A primeira é mais
“criativa”. A segunda, mais “hermenêutica”.
Há
sempre um trabalho formal, mas na parte poética ele é mais fundamental, mais decisivo. Ou, pelo menos, a intenção é
essa. Veremos se se conseguiu...
No
entanto, tudo isto é muito relativo. Há Prosa Poética mais “Poética” do que
muita Poesia... No fundo, é uma questão
de Inspiração, não de forma. Inspiração: ser possuído pelos deuses, pelos
“demónios”, pelo Transcendente. É conhecido
o provérbio: “Um génio é 10% de Inspiração e 90% de Transpiração”.
(E o pior é que não
somos génios!).
3. Esta
é, pois, uma Poesia filosófica que possivelmente não resultará de fácil
compreensão. Sobretudo porque há experiências por trás das palavras.
Experiências difíceis de expressar. Muito pessoais. No fundo, trata-se de
sentir que tudo está conectado com tudo, que as coisas não sucedem por acaso,
ainda que assim as expressemos
Não é, portanto, uma Poesia “popular”, comum, no sentido de que possa ser apreendida de imediato por qualquer pessoa, em
qualquer momento, se bem que ela possa falar de coisas que, de per se, são tomadas da vida directa e
imediata. Talvez devesse ser uma Poesia que, posteriormente, pudesse ou
devesse ser mais “explicada”, se é
que alguma Poesia pode ser correctamente explicada (isto se tivéssemos as
capacidades poético-exegéticas de um São João da Cruz...). Pelo menos,
poderíamos falar do que está no fundo dela. Mas também isto seria
“atraiçoá-la”. Penso que esta modalidade de Poesia é necessariamente esotérica
e não exotérica, se bem que deveria ser possível tentar “manifestá-la”, no seu conteúdo.
No entanto, provavelmente, não iríamos muito longe... Acabaríamos
necessariamente em fracasso. Porém... Bendito fracasso! Seja dito isto
em épocas neoliberais como a nossa...
Por
isso é que a Poesia é poesia e não prosa, ainda que estas distinções possam
resultar também um tanto artificiais.
4.
Nesta Poesia, além disso, predomina o Fundo sobre a Forma. Não é uma procura
imediata de novas formas de dizer o que sempre se disse, ainda que possa haver ter também muito disto. É, sobretudo,
uma Poesia material, ainda que não “materialista”. Há qualquer coisa que
se quer dizer. A Poesia pretende aqui ser Comunicação. Apesar de tudo,
fica-se pelo gesto. A questão é que esta derrota é uma auto-derrota inicial,
uma derrota previsível. Não se esperam “milagres” ao final. Só se mostra alguma
coisa. O resto tem que ser experimentado pel@ leitor/a-actor/a, se é que esta
Poesia pode tornar-se Verdade. O/a leitor@-espectador/a converte-se então em
caminhante, em “cúmplice do mesmo crime”.
Este
texto não pretende deixar em paz quem o ler.
Porque é para mexer com, não é para
deixar numa estética meramente estática, de espectador/a á margem de tudo e de
todos. Não queremos alimentar a "perversão divina” de um/a
Observador/a Infinito Que-Não-Se-Observa-A-Si-Próprio. Ler esta Poesia é, de
alguma maneira, tentar mexer connosco própri@s. Na nossa filosofia estética,
será “boa” Poesia se o conseguir.
Talvez
os puristas nos condenem por isso, por não fazermos Poesia Pura. É uma Poesia
“ancilla Mysticae” (“serva da Mística”).
Pretende ser Poesia, não poesia. Uma “serva”, mas com total autonomia. Contradição? Pode ser. Mais uma das várias
que atravessam estas páginas...
De
todas as formas, seria uma
“escravidão” de altos voos, uma “escravidão” para a Liberdade, onde a própria Poesia se liberta. Paradoxal, não é verdade?
E
liberta-se de quê?
Liberta-se
da prisão da Forma, dos temas “mundanos”, do “purismo”, das estreitas
fronteiras epistémicas do que é poesia e do que não é poesia...
Aleluia!
Então,
vale tudo?
Não,
não vale tudo!
Não
pode faltar a Inspiração e uma Forma espontânea (não artificial) que provém do
Fundo mesmo da Experiência, melhor, da Vivência. É uma Poesia que tenta pro-vir
de uma Vivência, ou então não é Poesia. Nisto, porém, não é tão original.
A principal
originalidade está
Noutras
palavras, a Poesia passa a ser expressão directa da própria Vida. Oxalá...
Bem-vind@s,
pois, ao Mundo Holístico!
Nele,
comunicamo-nos e as vivências são todas nossas. Nenhuma é egoisticamente só.
E
continuem o vosso Caminho, que é também o Nosso Caminho, o Caminho de Tod@s![6]
lisboa
18.04.06
nagpur
13.12. 06
kathmandu
24.03.07
Estou.
Simplesmente,
Estou.
Sim?
Não
acredito!
Em
realidade,
Passo
E
passo
E
volto a passar.
No
entanto,
Agarro-me.
Sou
a Angústia do Agarrar,
Porque
se sente cair no Abismo,
No
Abismo que não é Nada,
E
onde,
Portanto,
Até
agarrar-se é uma Ilusão,
Um
Supremo Auto-Engano.
Mas
Agarro-me!
Porém,
Também
a Ilusão faz parte da Realidade,
Somente
Uma
maneira diferente de encará-la,
De
focá-la.
Mal-vivemos
na Ilusão do Agarrar-se,
Dos
Apegos,
Dos
Aferramentos,
Procurando,
Algures,
O
Permanente.
Mas
o Permanente
Não
Mora em Nenhuma-Parte.
É o
Mistério
Do
PermanentePassar,
No
Silêncio Transcendental
Intuido,
No
Vazio da Plenitude.
Passar,
Passar,
Sem
Procurar
O
que já Está.
Sem me
Agarrar.
E,
Por
isso,
Simplesmente,
Aqui
Estou,
Mais
além de mim próprio,
Porque,
Em
realidade,
Eu
Também
Não
Existo.
lisboa
02.05.06
nagpur
11.12.06
2. O UNIVERSO MORA NO BAIRRO DA MINHA MÃE
Tenho
um Incrível Amigo neste Bairro:
O
Universo!
A
Sério?
Sim,
O
Universo
Mora
no Bairro da minha Mãe,
Aqui
mesmo,
Em
Lisboa!
O
que
Eu
quero dizer,
Com
vossa licença,
É
que
Todo
o Universo
Está
presente
No
Bairro da minha Mãe,
Lá
mesmo na Quinta da Luz!
Quem
iria pensar
Que
tenho um Amigo tão importante!
Há
então algo mais
Do
que eu ainda venha a precisar?
Há
vários jardins no Bairro da minha Mãe.
E
nas pedras de qualquer deles
Está
cifrada
A
História de todo o Cosmos,
Até
Hoje,
Até
Aqui
E
Agora.
(Mas como
lê-la?
Ah!,
É
preciso ser-se inundado pelo Espírito!
É
preciso sentir-se como Pedra.
E
mais,
É
necessário Ser-se mesmo Pedra!)
Também
há árvores, cães, relvados,
Crianças,
mães, jornais velhos,
Bicicletas,
sonhos,
Passados,
presentes e futuros,
Esperanças,
Sujidade,
Sol,
Nuvens,
Vento,
Carros,
Poças
de lama,
Semáforos,
Lua
e Sol,
Gente,
Bebés,
Jovens,
Idos@s,
Comércio,
Hipermercados
(Onde,
Seja
dito de passagem,
Meus/minhas
amig@s,
Habita
o deus Capítal,
Aquele
que,
Desde
estes seus modernos Templos,
Rege,
Infalivelmente,
Os
Destinos das nossas vidas).
E há
Também
Militares,
Padres,
Religios@s,
Poder
Local,
Campos
de Futebol
(Aleluia!),
Passeios,
Estacionamentos...
E
muitas, muitas coisas mais!
E,
Sobretudo,
Estão
presentes outros mundos,
Infinitos
mundos mesmo,
Em intersecção matemática connosco,
Geometricamente
democráticos,
Alternativos,
Simultâneos,
A
roçar-nos mesmo a ponta do nariz.
Aqui
mesmo,
Ao
lado.
E
neste micro-Mundo
Do
Bairro da Minha Mãe,
Está
tudo o que Existe,
Em
Pequena Esfera,
E em
cada uma delas,
Encontra-se
o Macro,
O
Universo todo.
O
Comércio é o Capitalismo mundial,
Com
a suas regras da Oferta e da Procura,
@s
seus/suas desempregad@s,
@s
seus/suas explorad@s,
As
suas Vítimas,
Os
seus números,
Os
seus enganos.
E,
Assim,
Os
Sonhos da gente do Bairro da Minha Mãe
São
também os sonhos de tod@s os Humanos,
De
qualquer parte do Mundo
Onde
sobrevivam
(Ganhar
bem, ser feliz, ter filh@s, ser amad@s, ter Sorte na Vida, triunfar, ser bem
recordad@, ser famoso...).
E,
Assim,
Também,
Em
cada um/a de nós,
Dentro
de Nós,
Há
um Hitler e um Einstein,
Um
Pinochet e um
Um
Salazar e um Kropotkin,
Um
Franco e um Gandhi.
O
dedo que aponta para outr@,
É,
Ao
mesmo tempo,
Três
dedos que apontam para nós
(E
um também
Para
uma Suprema Testemunha,
Lá
no “Alto”,
Como
dizem,
Ou
cá em baixo?).
Rapazes,
Raparigas,
Cada
um/a de nós
Somos
Indicativamente,
Como
os sinais de Trânsito
Do
Bairro da Minha Mãe,
O
Mundo inteiro.
E o
Poder,
Ah!
E o Poder,
Que
sempre é tão impotente,
Excepto
para fazer Mal,
Ou
aquilo que definimos convencionalmente como Mal
(Para
a nossa Espécie,
Claro,
Porque
poderia ser Bom para outras espécies,
Ou
até para o Resto da Natureza:
Mas
Nós também somos a Natureza!),
Mora,
Igualmente,
No
Bairro da minha Mãe.
Mas
não há Guerra,
Dizem-nos!
Ou
será que sim?
Claro,
Existe
uma Guerra Virtual Permanente,
Pois
o Conflito,
Nas
nossas mentes e corações
Habita
diariamente:
É
Guerra em Potência!
E
agora penso mesmo naquele velhinho,
(Ou
melhor, eu sou esse mesmo velhinho!),
Que
não pode ultrapassar as fronteiras do Bairro da minha Mãe,
Pois
as pernas e a saúde não lhe dão para mais,
Então,
Ele,
Ela,
Não
precisa de ir mais longe.
Se
quiser,
Realmente,
Verdadeiramente
Compreender
o Mundo,
Basta-lhe
Este
minúsculo Bairro
Este
Ponto Insignificante
No
Macro-Mapa,
No
Universo Ingente.
Basta-lhe,
Em definitivo,
Se
souber,
Se
for Sábio,
“Entrar”
em
Todo
este Mundo
Que
vive,
Imenso,
No
Interior
De
cada um/a de Nós!
Que
é o mesmo que se mostra no Exterior:
O
esotérico é o exotérico
E o
exotérico é o esotérico
“Assim
como é em cima,
Assim
é em baixo”.
(“Assim
como é à Direita,
Assim
é também à Esquerda”,
Politicamente
falando...).
Sim,
É
verdade,
Acreditem
mesmo,
Não
sejam céptic@s,
O
Universo
Mora
Mesmo
No
Bairro
Da
Minha
Mãe.
E,
Olhem,
Que,
Como
diziam no outro dia na Televisão,
Eu
nem sou “bairrista”!
(Ou
sou mesmo?
Um
“bairrista” globalizado!).
lisboa
05.05.06
nagpur
11.12.06
(PÁSSARO)
Neste
Dia,
Sabiamente,
Decidi
Transformar-me
num pássaro!
Acreditem,
Posso
transformar-me no que quero.
Tenho
esse Dom.
Basta-me
ser Uno com o Cosmos.
Portanto,
posso Ser pássaro
Não
é verdade?
(Mas
O que é “Ser”?
Ser
é “sentir”.
Pensar
como um pássaro,
Sonhar
como um pássaro,
Procurar
alimento como um pássaro,
Proteger-me
como um pássaro,
Voar
como um pássaro,
Escapar
do Perigo
Como
um pássaro).
Escolhi
ser um milro.
Agora
canto em qualquer árvore.
E,
Que
bem que canto!
Que
belos são os cantos dos Milros!
Sou
livre.
Só
devo comer quando preciso.
Mas
devo ter cuidado:
São
perigosos os seres humanos.
Mais
do que qualquer outro ser!
De
repente,
Voluntariamente,
Mudei
para Gaivota.
Gosto
mais!
Estou
mais em companhia.
Não
tão sozinho.
Porque,
Às
vezes,
A
gente aborrece-se mesmo de estar sozinho.
E
Esvoaço
perto do Porto de Lisboa.
Posso
ter outras amigas.
Tento
agarrar algum peixe.
Mas
agora,
Neste
dia,
Não
estou
Realmente
A
ter lá muita sorte.
(Alguma
coisa
Deve
falhar
No
meu Sonho!)
Há
vento.
E
Sol.
Quase
não mexo as asas.
Calculo.
Sou
um Mestre em Geodinâmica.
E
Passo
rente à água do Mar.
Merda!
Escapou-se-me
outro!
Mas
sinto-me bem.
Sinto-me
livre.
Posso
levantar voo,
De
Novo.
Volto
a Ser,
De
Novo.
E
Vejo
seres humanos lá em baixo,
Pequeninos,
Pequeninos.
E
Observo
as pequenas ondas,
Brancas,
A
esmorecer.
Não
há quase praia.
Ai,
Estes
seres inhumanos acabam realmente com tudo!
Já
quase nem há peixes!
Só o
óleo dos barcos.
E
contaminação.
E
mais smog.
Restam
poucos peixes nesta zona.
E
tenho que comer!
Mas
sinto-me feliz.
Vou
para cima das pedras,
Lá
nas docas.
Esfrego
o bico no corpo.
E
limpo-me.
Coço-me.
O
Sol está forte.
E,
Lá “em
cima”,
Está
Deus,
A
Grande Gaivota,
Que
nos dá a comida
Nossa
de cada dia.
“O
peixe nosso de cada dia
Dai-nos
hoje”,
Quando
dele precisamos,
Ensinou-me
a Minha Mãe
Quando
eu era mais pequeno.
Ao
longe,
Os
apitos de um barco.
Há
vários barcos.
E
Hoje
há até
Um
grande transatlântico
No
Porto de Lisboa.
Quantas
janelas!
Para
onde irão tantos seres humanos,
Metidos
naquelas janelas?
São
tão prisioneiros os seres humanos!
Eu
não queria Ser mesmo um ser humano!
Não
podem voar.
Não
são livres.
São
tão escravos!
Mas
eu sou um ser humano também!
Perdão,
Sou
uma Gaivota.
Perdão,
Sou
as duas coisas!
Qual
a diferença?
E
posso ser muito mais...
É só
querer!
Se quiser,
Posso
ser livre.
É só
querer!
Querer
é poder.
Não
é preciso Dinheiro.
Nem
Poder político.
Essas
coisas só atrapalham a vida de uma Pessoa...
Muito
mais uma Gaivota.
Para
que há-de querer
Dinheiro
ou Poder
Uma
Gaivota?
De
todas as formas,
Interrogo-me
Frequentemente:
Mas
porque é que
Tão
poucos seres humanos
Querem
ser livres
de
verdade?
Eis
a Grande Pergunta,
O
Grande Ko’an:
“O
que é,
Em
definitivo,
Ser-se
Livre?”
Há
alguém
Que
se atreva
A
responder?
Não
com uma abstração
(Não
compreendo abstracções),
Não
com uma resposta
Pré-fabricada,
Mecânica,
Artificial,
Aprendida
de Memória,
Nos
Livros:
Falsa,
Portanto.
Sim,
Quem
pode responder
A
esta pergunta
Com
a própria Vida?
“Eu”,
A
Gaivota
Que
É
Todas
As
Coisas!
lisboa
10.05.06
nagpur
11.12.06
(OU DAS TREMENDAS SEMELHANÇAS COM LAO-TSE)
É!
O Mundo está oco.
Não tem qualquer substância.
O Mundo,
Hoje,
Concentra-se numa só frase:
Compre!
Consuma!
Consuma!
Compre!
E,
Sobretudo,
Não pense!
Você não é gente se não
consome.
Seja o que for.
Mas Consuma sempre!
Eis o nosso deus,
O Nosso Absoluto!
Mas,
Eu,
(Quem sou eu?)
Perante isto,
Como o Lao-tse,
Pareço estar à margem,
Pareço ignorante,
Estúpido,
Ou,
Então,
Pareço
Ser um orgulhoso
Que quer ir a contra-mão,
Um Parasita,
E dos Piores!
O que eu digo não tem nenhum
valor.
Nada!
Flatus Voci,
Puro vento.
Num primeiro momento,
Tod@s dizem que sim,
Com a cabeça,
Mas, realmente, não estão de
acordo,
Lá no fundo.
Pensam:
É demasiado radical!
Até pode resultar
interessante,
Mas não convence!
É demasiado raro!
Obrigar-nos-ia a sermos,
Para viver tudo isso,
Uns/umas Permanentes Solitári@s,
À Margem
D@s Outr@s,
Auto-marginalizad@s.
Não vale a pena!
É até perigoso!
É demasiado a contra-mão,
É demasiado esforço,
Muita Energia.
É ir contra todo o Mundo.
Nadar contra a Corrente do
Mundo.
Ser demasiado diferente!
Portanto,
Preferimos viver numa Mentira,
Mas em Colectivo,
Do que viver sozinh@s,
À margem de tod@s e de tudo.
Uma Mentira Colectiva
Deixa de ser Mentira,
Pensava Göbbels.
“Não quero saber já mais dessa
mensagem”,
dizem,
“É a mensagem dos
perdedores/as.
Já basta!
Estou fart@!”
É,
O Mundo,
Está Louco.
O Mundo
Está
Oco,
Oco,
Oco.
E
Eu
Também
Estou
Oco,
Oco,
Oco.
Receber
Todas
As
Formas
Possíveis.
12.05.06
nagpur
24.12.06
5.
ETERNO
CAMINHANTE
A Vida é o Caminho,
O Caminho é a Vida.
Passar pelas estreitezas do Caminho,
Como Pedra pelas condutas urinárias,
Caminho da Uretra,
A Libertação,
Neste Desterro,
Com um Sorriso na Boca,
E a Mochila às costas,
Mochila com tantas coisas
Que parecem ajudar e
Que nos impedem de caminhar.
Muito Peso,
Muita Acumulação.
Dizem os Sábios:
O importante é o Caminho,
Não a Meta.
Nem a Morte
É o Fim!
O importante é Caminhar,
Caminhar,
Caminhar,
A Unidade entre o Eu e o Caminho,
Tornada Ação.
Ou melhor,
Um Caminhar sem Eu.
Quem Caminha?
Qual o Caminho?
Nem Caminhante, nem Caminho.
Só Caminhar!
E Permanecer Atent@s ao Caminhar,
Sem Distrair-nos,
Mecanicamente,
Rotinariamente,
Que a Distração é a Morte.
Inatent@s,
Portanto atropelad@s
Pelo comboio da História,
Isto é,
Pelo conjunto de tudo
(No qual alguns
Mandam mais do que outros).
Marcha sincera,
Imparcial,
Silenciosa
(Silêncio da Mente),
Vazia,
Acolhendo tudo
E tod@s,
Como Mãe do Cosmos.
(E uma Mão,
Sobretudo,
Para @s Carentes
De Tudo e de Tod@s).
Caminhar ao encontro Próprio,
Pois na Pátria
Entra-se
Pela Porta de Dentro,
A Porta do Coração.
(Mas
Onde
Está
O
Coração?)
Caminhar
Sem Saída,
Sem Rumo
Previsto,
Ainda que o Rumo
Esteja há muito tempo
Previsto
Por Aquele/a
Que nos Espera
Em cada momento
Do Caminho,
Mais Além
Do Caminhante
E do Caminho.
Lá,
Mesmo no Meio,
Do Nosso Caminhar,
Connosco,
Pois
Ele/Ela/Isso
É
O
Próprio
Caminho/Caminh-ar.
lisboa
26.06.06
nagpur
11.12.06
6.
CULTURA
YIN-YANG
Ver,
Sentir,
Tudo
Em dualidade
Integrada,
Não separada,
Holística.
Como o voo
De uma águia,
Majestosa,
Altiva,
Divina.
Como o Bebé,
Na Surpresa metafísica
De um Cosmos totalmente novo,
O Sorriso mais do que o Choro
(Mas primeiro choramos,
Até um Dia podermos sorrir).
A Força da Vida
Reecontrando-se consigo
própria,
Em toda a plenitude vazia
De Possibilidades geradoras.
A Unidade no fundo da
Diferença,
Mais Além da Diferença,
Sem a destruir.
O Divino Sonho da Plenitude
Total,
Num Momento,
Neste Precioso Momento,
Aqui,
Agora,
Eterno.
A Unidade intuida,
Imersa na Multiplicidade,
Vendo a Identidade
Nas múltiplas diferenças,
Num só Olhar
Sinopticamente,
Como os Três Evangelhos:
Boa Nova!
Brincar
A ser Deus,
Sendo um miserável mortal,
Que também está em Deus,
Assumido,
Aceite,
Amado.
O Mistério do Amor
Que tudo Envolve,
Também na Guerra,
Na Porbreza,
Na Injustiça.
Uma Razão,
Mais Além de todas as razões.
E,
No entanto,
Bem próxima de todas elas.
Unido.
O Infinito
No finito,
Limitado,
Ignorante,
Pobre,
Vazio,
Esperançado!
Eis
O
Tao,
Realizado,
Integrado,
Fundido,
Presente
No Yin-Yang.
O Teu Rosto Original,
Antes de nascer.
lisboa
27.06.06
nagpur
13.12.06
Num mundo perdido,
À procura de um Destino,
Ainda por criar.
Emigrante.
Do Cosmos,
O “nosso” Pátio de Quintal.
Emigrante.
À margem
Do Organizado,
Desencaixado
Dos termos estabelecidos,
Como neve no Deserto do Sará.
Permanente
Outsider.
Débil,
Inadaptado
Ao ritmo do Progresso do
Mercado.
Ateu da Competitividade,
Da Eficiência tecnológica,
Do “fair play” do Sistema,
Como Astronauta
Perdido no Metro de Paris,
Sem bilhete de ida e volta,
Sem mapa.
Idealista
Dum Mundo In-existente,
Num Universo de Bolsas,
Divisas, Utilidades,
Poder e Fama mediáticas.
Sozinho,
No Fundo do Corredor
Da–vida-que-funciona,
Como tigre dos Himalaias
No Zoológico de Lisboa
(Antes Metro “Sete Rios”:
E,
A propósito,
Onde ficaram os Rios?
É este o nosso
Futuro Tecnológico?).
Sorriso na Boca
Dos Perdedores,
Comiseração alheia
No Pisar forte
Com vítimas e sangue,
Sem Esperança.
Atento
Ao dia-a-dia
Do Maravilhoso e
Surpreendente,
No Quotidiano.
Incompreendido
Pelos outros,
Compreendido
Pelo Totalmente Outro,
Agora
Imanentemente
Companheiro
De Esquecimentos
Voluntários.
Maioria silenciosa
E silenciada.
Habitante das Cavernas
Do Presente Contínuo.
Marginalizado
Sem uma palavra de Condenação,
O Sorriso que admite
Todas as Formas.
Pó,
Só aquecido pelo Sol
Infinito,
Porque Estrela
Sem Rumo nem Fim.
Porque
Fim
E
Princípio,
Ao final,
São
A
Mesma
Coisa!
nagpur
13.12.06
Esotérico:
Mergulhar nas profundas águas
interiores,
Onde o Espírito mora,
Algures,
Sem Espaço nem Tempo,
E sem Causalidade.
Exotérico:
Dar de beber a quem não te
pode pagar,
Convidar para uma Festa
A quem não pode retribuir-te.
A Gratuidade
Do Sol e da Chuva,
Sobre “Justos” e “Pecadores”.
Esotérico:
Descobrir o Sentido profundo
Da História
E da tua própria Biografia,
Que são Uma Só.
Exotérico:
Praticar a Revolução do
Quotidiano,
Junto d@s mais Pobres e
Excluíd@s,
O olhar posto na Utopia
Da Grande Fraternidade/Sororidade
Universal.
Esotérico:
Viver A Grande Espiritualidade
Exotérico:
A partir da Opção Radical
pel@s mais Pobres.
Esotérico:
Abert@s ao Infinito
No Aqui e Agora.
Exotérico:
Boddhisattvas dum Mundo Melhor,
De Todos os Seres,
Sem Excepção,
Sem Excepção,
Holística-mente.
Esotérico/Exotérico:
A Mesma Coisa.
A Dupla Cara de Jano,
Olhando
Infinitamente,
Porque Todas Elas
Não são,
Senão,
O mesmo Jano
Contemplando-se a si próprio,
Multi(di)versamente
No Único,
Sendo assim,
Em certo modo,
Todas as Coisas.
(e Algo mais),
(e algo menos).
Como a Semente na Árvore,
Como a Árvore na Semente.
Não há Semente sem Árvore,
Nem Árvore sem Semente.
Eis a perfeita lógica das
coisas.
É assim em Cima,
Como é em baixo
(E onde,
no Cosmos Total,
está
“em Cima”
e onde
“em baixo”?)
Não há Trascendente
Sem Imanente.
Nem Imanente
Sem Trascendente.
Pura lógica.
Consiste
A Vida
No Samsara,
Ou o Samsara no Nirvana,
Que é o mesmo,
Sendo diferente.
Vivendo,
Não
Simplesmente
Pensando.
Aquele Beijo perdido
Pode ser a Iluminação,
E a Luz
Está Presente
No Meio das Trevas.
Só não vê
Quem não quer ver
Ou (ainda) não pode...
Tecnologia sem Coração
É Cadáver.
Mas o Coração
Encontra
A sua própria
Tecnologia,
A sua própria Disciplina.
De dentro para fora.
Da convicção
Para o Empenhamento.
A Águia levanta o seu voo,
Para beber das cristalinas
fontes
Da Montanha Pura.
E
Essa Montanha Pura,
Irmão,
Irmã,
Jaz,
Precisamente,
Debaixo dos teus próprios pés.
É só questão de abrires o
Terceiro Olho
O Olho Interior!
06.07.06
nagpur
13.12.06
Como a Mistério,
Como a Música Celeste,
Sem Notas.
E,
No entanto,
É o mais comum do comum:
É Simples,
As-coisas-tal-como-elas-são,
Assim,
Sem mais.
E sem menos!
A Unidade com o Cosmos,
Junto da Unidade com
Ele/Ela/Isso/Aquilo.,
A Suprema Realidade,
A “Base”.
Tudo Um,
Sem Antes nem Depois,
Mas não são a mesma coisa,
E,
No entanto,
Estão unidas,
Inter-relacionadas,
Inter-conectadas.
Não Implica Separação,
Mas Unidade na Diferença,
Diferença na Unidade.
Unidade dialéctica.
Mas
É
Preciso
“Senti-lo”,
Irmão/Irmã!
Os “ortodoxos” não nos
entendem,
Porque,
Com a pequena Cabeça,
Com a Mente
Não pela Contemplação
purificada,
Querem captar
O-que-está-mais-além-da-Mente.
E,
Dentro dos seus pobres
conceitos
Querem abarcar
A Vida que se escapa,
Como um Rio,
Entre as mãos,
Entre os dedos,
Entre os Poros
Da Vida.
Preciso é então
Ser-se Rio,
Sim,
Ser-se Rio,
Para intuir a Realidade também
(Ou seja,
Para ser-se Realidade).
Só quando
Não existir diferença
Entre o Rio e eu,
Quando o Rio seja eu,
E o eu,
(Se existe)
Seja o Rio,
Ambos Tudo e Nada,
Então,
Tod@s somos Um/a!
Quando eu for @ African@
emigrante
E @ African@ imigrante
for @ Europeu/eia,
Então,
Irmão,
Irmã,
É
Que
Chegou,
Por
Fim,
O
Reino
De
Deus
Aos
Nossos
Corações.
Aleluia!
10.07.06
nagpur
13.12.06
Silêncio,
Filma-se a Vida!
Silêncio
Que
É,
Nem mais nem menos,
Do que o Centro da Vida.
A Criação
Surge
O Silêncio é o Mistério da
Vida,
O Silêncio é o Arco-Iris
Da Vida,
O Caleidoscópio
Com o qual se constrói
O que existe,
Ou,
De como,
Tudo muda em Tudo.
Triângulos,
Quadrados,
Rombos,
Tudo de cor e em cor,
Toda a classe de cores,
Festival de cores,
Eis o Irmão Silêncio!
Habita-nos,
O Silêncio,
Como habita o Mundo,
É a mesma coisa.
Não há Cor
Sem Irmão Silêncio,
Nem Silêncio
Sem Irmã Cor.
Ambos são convertíveis,
Como o Ser, a Verdade, o Bom,
o Belo, o Um,
Na filosofia escolástica.
O Silêncio está mais-além do
Tempo,
E do Espaço,
E da Causalidade.
É a Eternidade
No Centro do Tempo e do
Espaço,
E assim Deus É,
Como bem disse o Teólogo,
“O Centro que está em todas as
partes
E cuja Circunferência
Não está em Lugar Nenhum”[7].
11.07.06
nagpur
13.12.06
(Um livro que o acompanhou quase toda a sua vida:
Livro=Vida,
Vida=Livro).
Da Acção vem tudo,
Nada chega a ser
Sem Acção
(Perguntem ao Bill Gates!).
Mas,
Que Acção?
Qualquer Acção?
Há uma Acção
Que parece Não-Acção,
E há outra Acção,
Que chega a ser
Contra-acção,
Pura Re-ação.
(Não é verdade,
caro amigo
Pinochet?).
Estar atent@,
Vigilante,
No Dia-a-Dia,
Transcendendo
Aqui e Agora,
Assumindo a multiplicidade de
Formas,
Como uma Mãe,
Que tudo acolhe
(Quantas destas mães restam?),
Como um Amor Universal
Mais além d@s própri@s filh@s.
Acção,
Melhor dito,
Construção,
Criar,
Mostrar novos rumos,
Novas estradas e caminhos,
Abrir possibilidades,
Como se
Pudéssemos
Criar
Novos sons,
Novas cores,
Novas sensações.
Existe,
Amig@s,
Uma Acção
De Dentro para Fora,
Pura “souplesse”,
Segunda natureza
que é já Primeira,
Actuar sem parecer.
Tudo é espontâneo,
Original,
Originário,
Partindo da própria Essência,
Que é a mesma Essência de
Tudo.
Ou seja,
Uma Acção
Que é
In-acção.
E só quem muito pratica,
(Prática, prática, prática!)
Poderá,
Tal vez,
(Tal vez,
Digo,
Se o ego
Não existir)
Descobrir
Um Dia
O In-transmissível.
Eis
A
“Nossa”
Verdadeira
Saudade.
13.07.06
nagpur
13.12.06
Aqui e Agora,
Ei-la,
Misteriosa, triunfante,
criativa.
Morremos e re-nascemos a cada
minuto,
A cada segundo,
A cada instante da Vida.
(As nossas células,
Os nossos neurônios).
Morte-Vida,
Vida-Morte,
Entre-laçadas,
Mutuamente apoiadas,
Mutuamente solidárias,
Pratityasamutpada.
Uma precisa da outra,
Ambas se nutrem,
Inter-relacionadas.
O concreto é esta dualidade.
Só no abstracto
Há essências fixas.
A nossa Morte
Alimentará o Cosmos.
Lei da Vida!
Porquê,
Então,
Querer
Ficar,
Eternamente,
Aqui?
(Bom,
Alguns/algumas
Só querem é ficar,
Não importa onde:
Algures,
Mas ficar,
Existir,
Não desaparecer,
Continuar).
No Fim,
O Grande Sonho,
O Grande Sono,
O Cansaço final,
A Paz, o Silêncio, o Repouso.
Esta Morte traz Vida.
E também a Morte,
Aqui e Agora,
Alimenta a Vida,
Recicla-a.
Como alimentam a Vida
Os milhares de mártires,
Que deram o seu sangue
Pela Causa do Reino
Sem Recompensa,
Em pura Gratuidade,
Sem querer nada receber,
Puro Dom.
Mistério da Vida
Que é a Morte.
02.08.06
nagpur
13.12.06
14. TRI-UNIDADE
Uma Ousadia.
Mas o Amor por Ela é tanto,
Tanto...
De maneira que aí vai ele,
Companheir@s!)
Perfeita Comunhão
Na Diversidade
E na Unidade.
Unidade Pluridiversa.
Diversidade Una.
União de Puro Amor.
Toda em Cada Uma das Pessoas.
Supremo Holismo.
Cada Pessoa é o Todo,
O Todo cada Pessoa.
Pessoa?
(Antropomorfismo?)
Ver e Ouvir
Sem Olhos nem Ouvidos
materiais.
Puro Espírito.
Presente
E no meu interior.
Transcendendo-me.
Lá bem no Fundo,
Mais além dele.
Energia Suprema,
Amor sem Fim.
(Porque hei-de estar sempre
tão longe de Ti!).
Os amores
“De cá de baixo”
São tão provisórios.
Passageiros,
Como as nuvens do Céu,
Como as ondas do Mar.
Só enche o In finito.
Mas que cheios estamos de
finitos!
Apegos.
Amarras.
Attachments.
Efémeros.
Ilusão.
Maya.
Seria
Como
viver em pura Liberdade.
Qualidade
de Vida Verdadeira.
Liberdade
Condicionada,
A
Nossa.
Como
Prisioneir@s.
Isso
é o que somos.
Prisioneir@s
das nosas mentes,
Dos
nossos desejos
Infindáveis.
De
um para outro,
De
outro para um.
Uma
dança sem fim.
A Dança de Shiva.
Sem
encontrar a Paz Total
Da
Única Trindade,
A
Única Importante,
A
Única na qual deveria estar
A
nossa Existência
De
uma vez,
Para
Sempre,
Imersa.
04.09.06
nagpur
13.12.06
15. O VEGETARIANO
Conheço alguém que é vegetariano.
No meat, no fish, no eggs,
No milk, no cheese,
No...
Yes,
To Life!
Amor pela Natureza,
A tentativa de ser
O mais coerente possível,
Com o Cuidado da Vida.
A alimentação mais racional,
(Se é que,
Algum dia,
Nesta Terra,
Realmente,
Podemos os humanos ser
Absolutamente racionais).
Algum dia,
Algum dia,
Os seres humanos
Não precisaremos das plantas e
dos vegetais,
Porque saberemos como
incorporar Energia
Directamente do Irmão Sol
(Enquanto não se apague,
Claro,
No caso de que a nossa
espécie,
Que não é eterna,
Subsista até então).
Dizem que alguns Ioguis sabem
fazê-lo.
O quê?
Isso mesmo,
Incorporar directamente
Energia sem comer nem beber.
Não acredito!
Bom,
Na Índia
Acontecem coisas tão
estranhas...
Não precisar de comer nem de
beber:
Essa sim que seria a maior
Revolução da Humanidade na História!
Livres de Patrões e outros
exploradores da mesma ralé,
Trabalhar só por Prazer,
Por Amor,
Sem compulsões,
Que maravilha das maravilhas!
Mas
Lá chegaremos,
Lá chegaremos!
Não percam a Fé,
Aqui,
Na Terra,
Ou “lá”,
No Céu,
Na
Outra-Grande-Dimensão-Sem-Dimensões.
05.09.06
nagpur
24.12.06
16. O CALEIDOSCÓPIO
Quando era pequeno
Tinha um caleidoscópio,
Com o qual sonhava
Cores e imagens sempre
diferentes,
Sempre multiformes,
Nunca iguais.
É verdade,
É verdade,
A Cor existe!
No outro dia
Emprestaram-me
Um caleidoscópio.
Um Mundo Novo,
Mágico,
Surgiu,
Cheio de imagens geométricas
Com Cor,
Ou Cor
Com imagens geométricas.
Sempre diferentes!
Gostaria
Que
Um dia,
O caleidoscópio
E eu
Fôssemos uma só coisa,
Ou seja,
Um Só!
Eu,
Que sou Cor,
A Cor,
Que sou Eu.
E
(talvez)
Não-Eu,
Só Cor,
Só Luz.
Infinita.
lisboa
05.09.06
nagpur
13.12.06
APÊNDICE:
DOS CEM NOMES
DIVINOS
O
Eterno
O
Clemente
O
Compassivo
O
Misericordioso
O
Deus-dos-Mil-Nomes
O
Vazio
O
Infinito
A
Base
O
Fundamento Cósmico
O
Repouso
A
Vida Plena
A
Realidade Suprema
A
Realidade Última
A
Realidade Absoluta
O
Absoluto
A
Paz-Sem-Fim
O
Pai-de-toda-Justiça
O
Caminho Permanente
O
Amor Total
A
Mãe do Cosmos
O
Todo-mais-além-do-todo
O
Imanente infinito
O
Transcendente-desde-o-Profundo-do-Coração-Humano.
O
Fogo-Sem-Fim
O
Princípio-Sem-Fim
O
Grande Revolucionário
A
Liberdade Plena
O
Eterno Ouvinte
O
Vidente
O
Olho Trino
A
Comunhão Perfeita
O
Inominável
O
Absolutamente-Mais-Simples
O
Simples-Complexo
O
Tri-Divino
O
Uno
O
Único
O
Sem-Espaço-Sem-Tempo-E-Sem-Causalidade
O
Pai-Mãe
O
Ser
O
Não-Ser
A
Fonte
A
Força
A
Energia Suprema
O
Primeiro-Sem-Segundo
O
Grande Magnânimo
A
Verdade
O
Nada
O
Dadivoso
O
Omni-Consciente
A
Eterna Criança
O
Dinamicamente Imutável
O
Tri-Uno
A
Luz Eterna
A
Divina Comunidade
O
Senhor da História
O
Dono do Mundo
O
Dono da Vida
Coração
do Céu, Coração da Terra
Aquele-Cujo-Nome-Não-Se-Pode-Pronunciar
O
Silêncio Absoluto
O
Divino Amante
O
Amado
O
Omni-Presente
O
Deus da Vida
O
Espírito Absoluto
O
Bem
O
Fim
O
Fundo do Ser
O
Criador
O
Grande Artista
O
Arquitecto do Mundo
O
Grande Geómetra
O
Sentido do Cosmos
O
Perfeito
O
Belo
O
Amanhecer-Sem-Ocaso
O
Senhor dos Céus e da Terra
O
Sentido da Vida
O
Inefável
Ele/Ela/Isso-Aquilo
O
Modelo do Cosmos
O
Primigénio
O
Amigo
A
Liberdade Total
A
Divina Testemunha
A
Existência Plena
O
Incognoscível
O
Indefinível
A
Suprema Inteligência
O
Ser Supremo
O
Sábio
A
Compaixão
A
Suprema Consciência
O
Divino
O
Bem-Aventurado
O
Sem Nome,
(Aquele
A Quem Amo).
20.09.06
nagpur
24.12.06
Está calor esta tarde. Mesmo muito calor. O azul do céu mostra-se muito claro e o Sol espraia-se como um gato em cima do tecto da casa, esticando-se todo, completamente, como um iogui em ‘stretching’.
Sinto
que não sou nada
Todavia,
tudo se inter-relaciona comigo e nada de tudo isso me é indiferente. Mas sou
Ignorante. Não entendo o Uni-Verso Diverso. Ainda não conheço a sua Lógica
Profunda. Que é também a minha mesma lógica, a do Ser. A de Ser.
Está
tudo calmo, por aqui. Lá por fora, de novo Israel ataca @s palestinian@s e até
invade o Sul do Líbano. A lógica da guerra que nunca resolve nada. Mas a Mente
assim o crê.
Olho
o relógio. O Tempo feito espaço. É tarde. O Tempo come-me, vence-me. Não sou Um
com ele. E se o Tempo fora uma Ilusão, uma maneira de os humanos encontrarem
medida a algo essencialmente Ilimitado? Infinito não é a palavra. Infinito só
Ele/Ela/Isso. O Um-Sem-Segundo. O Um-Sem-Tempo. Mais além do Uno e do Múltiple.
Porque Um e Múltiple são ainda formas relativas de as Coisas Acontecerem.
Pertencem à Mente, à nossa maneira divisiva de enfocar as coisas e os
acontecimentos. Puro Instinto de Sobrevivência!
E o
Inefável, a Realidade Suprema, o Silencioso, aparece aqui ao lado. Está aqui
sempre. Mas não se vê. Só se sente. Mais além do Tudo e do Nada. A Força
Suprema. A Base. Nada. Mais além do Nada. Impensável. Indizível.
E o
Seu esplendor vestiu-se esta tarde de Árvore, pôs o seu traje de glória
infinita/finita, onde late, germinando Vida, criando possibilidades. Ou talvez
Nuvem. Ou Mar. Ficou Perfeito.
Será
que Eu estou realmente Nele/
02.08.06
nagpur
14.12.06
2.
TRILOGIA
TEMPORAL
(PASSADO-PRESENTE-FUTURO)
Debatemo-nos, os seres humanos, entre o passado, o presente e o futuro. O Passado, que já não é (mas que continua-a-ser em nós ainda), o Presente, que não é (porque está-sendo em total fluidez) e o Futuro, que ainda não é (mas que, antecipadamente, prevemos já nas nossas mentes e corações). E assim a vida passa-se, vai-se, esvoaça-se. O Tempo é a Morte de cada dia. Lentamente, escapa-se.
Somos o Passado, aquilo que fizeram de nós e no qual nós colaborámos. Fizeram-nos como classe social, como género, como etnia, como nacionalidade. Fabricaram-nos. E nós colaborámos com tudo isso. Por esta razão, nem nos damos conta do “fabrico”. Quando digo: “Eu penso”, “eu creio”... é que não conheço de que maneira sou- ou fizeram-me!- uma “marca de fábrica”. Fizeram a minha cabeça.
Somos prisioneir@s dentro das nossas mentes. Por sinal, dentro da Mente. A Mente é a “Matrix”. Em realidade, somos uma espécie de programas da “Matrix”. Acreditamos que a Realidade é isso que aí está.
Mas essa realidade não é senão uma Metáfora da Suprema Realidade.
Somos como a história daquele camelo, que atavam todos os dias a um poste, dentro de um espaço limitado. Acostumou-se tanto àquele espaço da sua prisão, de tal maneira que, quando um dia o puseram de novo naquele mesmo espaço, mas sem atar, sem corda e sem pau aonde atar, não se moveu dali em toda a noite... Somos escrav@s, atad@s por dentro. Escrav@s por convicção. Sem o saber.
Escravos de quem? Escravos de quê?
Eis umas boas perguntas, meus amig@s.
Pesquisem!
De momento, somente lhes pregarei sobre o Caminho para a Libertação – disse o Místico.
Ei-lo: está na Atenção Permanente. Noutras palavras: No Presente Eterno, no Eterno Presente. No Aqui e Agora. Vivido sem Tempo, com Total Intensidade. Um Acto de Amor Total em cada “momento” do nosso Quotidiano. Vigiai. “Não sabeis o dia nem a hora” – dizia o Mestre da Galiléia.
E aqui estou, sendo. Passando. Fluindo como o Eterno Observador/Testemunha do que me Acontece. Ou melhor: do que acontece, porque o ‘eu’ desapareceu, sumiu. Definitivamente. Mas existe?
(Por isso pergunto: onde estão @s pobres, onde @s palestinian@s, as mulheres e as crianças, massacrad@s nestes momentos pelo Exército Israelita, ou seja, por tod@s nós, com a nossa Indiferença? Não, não esqueço também as vítimas civis de Israel... E onde está a África, se ainda existe?... E as favelas do Rio ou os slums da Índia?...
Aí começa a nascer um Novo Eu, sem Passado, sem Futuro, sem Presente-Ponte, só com Presente Eterno.
Onde não há “eu”.
Só um Compromisso Total com a Vida Una).
lisboa
04.08.06
nagpur
14.12.06
Acordar.
Acordar.
Viver no Paraíso Perdido,
Já,
Aqui e Agora.
Morrer ao Tempo sem Sentido.
Ser Universal
E Alguém nos contempla mais
além do Ser.
Chegamos.
E voltamos a Partir.
Peregrin@s
Caminhantes.
Acordar,
Acordar,
Acordar.
Imediatamente!
De uma vez para Sempre!
15.08.06
nagpur
14.12.06
Sol-Lua: os nossos constituintes orgânicos. Somos feitos de extremos, de extremos que se unem e se complementam. Como Yin-Yang. Espírito-Corpo, um só. Body-Mind. Mind-Body. Viver a Alternativesleben. Filosofia “neo-cínica” num outro mundo cínico, onde explodem as bombas sobre crianças, mulheres e velh@s debaixo de qualquer Imperialismo (da mente não espiritualizada, não pneumática). Ser sobretudo pneumátic@s, integrando o psíquico e o hílico ou sárquico.
Sol-Lua, o Masculino e o Feminino (em alemão os artigos de ambas palavras são ao contrário dos nossos: Die Sonne, der Mond. Que estranho! O género gramatical e o género empírico. O género e o sexo. Mas ambos estão em relação. Por quê, para @s alemães, o Sol é feminino e a Lua masculino? Na Humanidade há de tudo! E quem tem razão?).
O/A Sol-Lua estão dentro de nós. Nós somos Sol-Lua, Lua-Sol. Precisamos de meditar mais sobre isto. Até que o Sol e a Lua sejam tão nós, que não haja separação. Sol-Lua: Um/Uma só.
(Hoje está muito vento. Mesmo muito. E é Verão... dizem. Está também um pouco de frio e o céu está encoberto. Mas o Irmão Sol continua a existir. E a Irmã Lua também. Sejamos então franciscan@s a valer, cordialmente!).
Lua-Sol, a Integralidade do Ser em nós. Mas ainda estamos dividid@s. Ainda continuam a ser “duas coisas” para nós. E nós somos diferentes destas “duas coisas”... Que Ignorância! Por isso, assim caminha este mundo. E há guerras! E há quem quer dominar e até ter mais petróleo, mais controle energético (ironia!). Escravos da mente! Um que se impõe sobre o outro! Como se não houvesse campo para todas as ervas. E para cada um dos insectos. Democracia Cósmica.
(O céu, hoje, está cinzento. Também tem a sua Beleza! Há Cinzento em mim. Eu sou Cinzento! Que bom! Porque, acreditem, Eu estou Mais-Além das Dualidades, do Bem e do Mal.
Hoje cheguei a ser o que já sou,
O Bebé Original que há em Mim).
lisboa
16.08.06
nagpur
14.12.06
5. MISTÉRIO
Mistério: a Última Palavra sobre o Ser. E, ao mesmo tempo, a Primeira.
Nada há mais além. O Fim sem Nome. A Existência sem Nome. E sem Medo. Acostumámo-nos a dar Nome a tudo. De maneira que, quando não há Nome, essa “coisa” não existe. Mas o Mistério não é uma coisa indeterminada ou indefinível. Não é realmente uma “coisa”. Mas como podemos os humanos falar de não-coisas?
Quem sou Eu? Existo? Existe algo denominado ‘Eu’? De onde provém? Para onde vai? Perguntas metafísicas! As únicas importantes. O resto é como Sobreviver com uns poucos euros, como aquela velhota de Madrid que apareceu nos jornais, que levava a vida “com muita filosofia”, pois sobrevivia com trezentos euros por mês. O Metro era o seu ginásio. Subir e descer escadas. Descer e subir escadas, de novo. O Mito de Sísifo. Andar muito, o seu exercício físico e mental. Comprar nos Supermercados mais baratos. Economizar. Ler o Jornal só nos Bares. Cultura, poderíamos até dizer, nos Centros Culturais da Comunidade. Um amigo meu faz isto e até recebe livros grátis. E Conferências. Sabedoria da Vida! Viver com um sorriso, sem se preocupar. Don’t worry, be happy! Filosofia neo-cínica!
Por todas as partes há anúncios, monótonos, que pedem - impõem! - que compremos. Compre, compre, compre! Eis a filosofia desta época. (E a velhota, claro está, comprará a fruta mais barata, no supermercado mais económico do bairro). E o Director Geral, um Mercedes Benz. Vales o teu carro. Tanto consomes, tanto vales! Sistema dixit! E Glória ao deus Capital!
Compre, compre, compre!
Não há Mistério!
Não há Vida!
Só Vómito!
Mas aí começa também o Mistério da nossa Redenção!
lisboa
16.08.06
nagpur
14.12.06
(OU A HISTÓRIA DA SERPENTE ESMAGADA)
Era
uma casa barata, alugada, claro.
Mas
lembro-me que na minha casa do Bairro de San Miguel, em Madrid, zona Norte,
havia uma bela vista de uma série de montanhas, lá bem ao longe. Montanhas
fortes e poderosas. Uma cadeia de montanhas. Eu era então um adolescente. Essas
montanhas (algum dia iria a Miraflores de la Sierra e passaria por Buitrago)
significavam muito para mim, aos 17 anos. Eram uma fonte de Espiritualidade. E
eu queria seguir decididamente um Caminho de Espiritualidade. “Discípulo do
Caminho”.
(Montanha
= Espiritualidade).
Mas
essa Aventura ainda não tinha um Nome.
Assim
que, uma vez, acho que num sábado (?), decidi caminhar durante todo o dia até
lá. Até àquelas Montanhas, lá bem ao longe da janela do meu quarto.
(Itinerância
= Espiritualidade).
Preparei-me,
como se fosse dar uma longa volta e voltasse só à noite. Não sei se iria chegar lá, mas a ideia era caminhar, caminhar,
caminhar até lá. Alcançar a Montanha. Pelo menos, Experimentar. Quem sabe,
talvez noutra ocasião... Era Começar um caminho.
(O
Caminho).
Eu
estava a querer ir para a Índia e para o Nepal. Por que não começar já a
preparar-me para ir às Montanhas? Não eram bem os Himalaias, mas eram, para
mim, fonte de Espiritualidade... A Espiritualidade que eu tinha à mão, pobre
adolescente solitário. Era como concretizar um pouco os meus sonhos.
(Criatividade:
tentar concretizar as próprias utopias, com Alegria).
Os
seres humanos não podem viver sem ter
uma Meta na vida, não é verdade? Senão, não é mesmo Vida! É um sucedâneo.
Senão,
vive-se como um zoombie sem Espírito.
E
caminhei, caminhei, caminhei pela estrada afora, feliz.
O ar
fresco da manhã no rosto, refrescava também a minha Mente e a minha Utopia.
Era
O Único a caminhar pela estrada.
Carros,
muitos. O “caminho convencional”.
(Carro
= Símbolo do Sistema).
De
resto, só passavam carros de um lado e do outro.
Já
estava um pouco cansado e comecei então a notar que este Caminho era muito mais
comprido do que esperava (assim são também os ideais na Vida: começava a
aprender estas coisas). As Montanhas, essas, não estavam assim tão perto. E o
Sol, o Irmão Sol começava a apertar. O dia estava muito lindo, o céu azul,
cheio de azul, pintado todo de azul. Só uma mancha de azul total.
(Um
dia observei a Lua com um telescópio. Estava toda ela rodeada de “aura azul”.
Aura azul = Vida).
De repente vi, na estrada, uma enorme
Serpente, supostamente esborrachada, numa parte, por algum carro, talvez,
porque estava metida dentro da Estrada. Possivelmente, teria saído do meio da
Natureza e, ao tentar atravessar a estrada, foi logo esmagada numa parte do
corpo. Triste Destino!
(Tecnologia
vs. Natureza).
Estava
do lado por onde Eu teria de passar, uns metros mais adiante. Mas não me atrevi
a passar perto dela.
Se
me desviava uns bons metros, seria perigoso, porque poderia vir um carro e
levar-me por diante. E se estivesse viva, ou simplesmente ferida? Talvez pudesse
atacar-me! E eu não tinha experiência de Serpentes! Não devia arriscar-me. Por
outro lado, já estava cansado de andar. Decidi então parar e regressar. E
regressei mesmo.
(Serpente
= O nosso ego).
Para
a primeira vez, não era nada mau. Já tinha respirado o Ar da Liberdade!
Lembro-me
que tomei uns bons banhos para os Pés, pois estavam com bolhas.
Tinha
caminhado, caminhado, caminhado.
Nunca
cheguei até a Montanha.
(Meta?
A Montanha?)
Chegaria
alguns anos mais tarde. E em Miraflores de la Sierra seguiria depois, um dia
também, caminho para a Cartuja de Miraflores (coincidência de nomes?).
E,
muitos anos depois, acabaria mesmo por ir
para a Índia, na procura espiritual.
Não
cheguei até a Montanha.
Nunca
cheguei até a Montanha.
(A
Via da Libertação é longa! E no entanto está aqui mesmo, dentro de nós, ao
nosso lado!).
Mas
foi o começo do Caminho da minha Liberdade, para “onde” “eu” queria ir.
Às
vezes, não se pode chegar logo, logo.
O
importante é começar a caminhar.
Algum
dia chega-se mesmo.
(Chega-se?)
Ainda
que seja através da Irmã Morte, noutro plano da Realidade.
(Qual
é a minha Realidade?).
E só
se “chega” mesmo
Quando
não há “eu” que chegue,
Nem
lugar “onde”chegar.
17.08.06
nagpur
14.12.06
7. NAQUELA CAPELA LÁ DO NORTE
Aconteceu
naquela capelinha lá do Norte, Vilharigues. Imprevisto. Como sempre, quando Tu
actuas. O gozo interno, o Júbilo sem palavras. Por nada. Grátis! Aconteceu. E
os votos, pernas e braços dos agradecid@s (ou pedintes), lá no fundo,
chamando-me a Atenção.
Parecia-me
muito grande essa capela. Hoje vejo que era muito pequena. Mas eu tinha os meus
6 anitos, mais ou menos...
De
pequeno, tudo parece grande. Depois é que se vê as verdadeiras dimensões das
coisas. Como é relativa a nossa percepção!
A
minha avô e a minha madrinha levavam-me. Mas nunca souberam de nada. Nunca
notaram nada. O assunto era Interior. As consequências eram sociais. Essas,
sim, viram-se! Mas não se compreenderam.
Nada
que contar. Nada visto. Só o gozo interior. Tão grande que ficou a “promessa”:
“Isto não pode ficar assim! Algum dia dedicar-me-ei ao Teu serviço!”.
(Hoje
sou o “Prabhu Das”, o “Servo do Senhor”).
E
assim foi.
Tudo
“começou” naquela capela lá do Norte. Lá, em Vilharigues. Ninguém soube. Mas
viram as minhas mudanças. Que pouco sabemos do interior das pessoas!
Naquela
capela começámos a viver.
Começámos
a ser Holistas... sem o saber!!!!
Só
Tu sabes, melhor do que ninguém, melhor do que “eu” próprio, o que aconteceu
naquela Capela, lá do Norte.
18.08.06
nagpur
14.12.06
8. LÁ, EM MIRAFLORES
Aconteceu naquele
pequeno povoado da Serra de Madrid. Em Miraflores de
Lá
foi a minha Conversão.
Mas,
a quem interessa isto?
Conversão
ao Cristianismo de Jesus, de maneira existencial. Ser religioso. Época
franquista. Mas as experiências vão por dentro. Decidido. Entrar na Igreja
Católica. Agora, sim. Por convicção, não por “lei sociológica” (isto já não é
franquismo; nem salazarismo).
O
Compromisso para uma vida. E feliz, muito feliz. O fim de anos de Desespero,
Solidão e Procura sem fim. O Encontro.
A
mudança aconteceu em Madrid. Lá para a Primavera, lá para Abril, quando a
temperatura começa a ser outra. A temperatura interior também mudou. Começar a
orar. Simples. Sem estruturas. Franciscano espontâneo. Weltanschauung
franciscana, com sabedoria dominicana. Francisdominicana. Uma só. Como queriam
os Fundadores,
Abrir
os braços para o Mundo, como Francesco, num imenso abraço. (Como vi depois, um
pouco mais tarde, no Irmão Sol, Irmã Lua, o excelente filme do
Zefirelli: o
Concluiu
em Miraflores.
Melhor,
começou.
“Comencemos,
hermanos, porque hasta ahora poco o nada hemos hecho” (Francesco).
Um
Novo Dia para mim... (com algumas sombras). Alegria. Primavera mendicante.
Esperança. Fraternidade. Juventude.
Começava
a Vida com Sentido.
Re-nascia.
18.08.06
nagpur
14.12.06
9. DEPOIS DE FALAR SOBRE A MORTE...
Depois de falar sobre a Morte com a Irmã Margarita, ela que estava morrendo, senti “@s anj@s” na minha vida. Com naturalidade. Sem Medo. Mas com excitação... Em Manágua. Subindo para o Parque de Las Piedrecitas. Vindo de Batahola. Frente ao Psiquiátrico (!) (ironia?). Aí senti que “algo” ia acontecer...
Só senti. Não vi nada. Mas qualquer coisa me dizia que uma imensa quantidade de “seres trascendentes” estavam à minha volta, e que se iam manifestar... Sentia, sentia.
(Assim é na vida. Sentimos coisas que não poderemos nunca demonstrar matemática ou empiricamente. Mas vivemos isso! E aí fica tudo. Sem demonstração. A vida mostra-se, não se demonstra).
Sentia-me conectado com um Cosmos maior, onde havia “seres transcendentes”, mais além deste Mundo fenoménico. Mas em conexão com ele. Um só. Dois níveis de Realidade. Ou mais. União total.
Tudo tranquilo. Tudo perfeito. Tudo em Harmonia. Sem problemas. Todo o Cosmos tinha Sentido. E Vida. Vida Integral. Tudo vibrava. Tudo estava vivo. Não havia Morte.
Eu era também uma “parte” desse Cosmos. Ou melhor, eu era esse Cosmos. Sem problemas. Tudo normal. Tudo encaixava.
E
foi a última vez que falei e vi a Irmã Margarita.
Morreu
pouco depois.
Tranquila,
sem Medo da Morte, feliz (na opção radical pel@s pobres).
Disse
que ia tentar, onde quer que estivesse, comunicar connosco, se pudesse...
24.08.06
nagpur
14.12.06
10. OS SANTOS QUE HABITAM O MEU QUARTO DA CASA DA MINHA
MÃE
Tenho
muitos santos no meu quarto da casa da minha mãe, lá em Lisboa. Lá estão, em posters
ou em íconos. Mesmo em estátuas. São símbolos. De uma Vida Alternativa (Alternativesleben).
São
mártires da Justiça, especialmente da América Latina e das Caraíbas,
subcontinente que, como é sabido
Há também Budas. Um Buda gordo, um Buda chinês, que manifesta a Felicidade da Vida. E um Buda índio, clássico, magro, sereno. Procuradores de mundos infinitos no Aqui e Agora. Mundos sem Nome, mas de Beleza Total. O Mundo da Transcendência na Imanência. Sem escapar. Um sorriso nos lábios. Menos sangue.
Há
também belas Virgens, que mostram o Sim à Vida e a Aposta por um Deus
das e dos Pobres. O Deus dos/das de Baixo, um Deus alternativo à Des-Ordem
Estabelecida. O Deus da História, da Outra História que não conta a História
Oficial (quem a conta?). Não um deus dos Templos e do Culto. O Culto que Este
Outro Deus deseja é o coração limpo de egocentrismo, inveja, Poder e êxito. O
Culto da Vida é um Culto Alternativo. Só o descobre quem o vive.
Tenho
também livros. Livros de Uma Outra Espiritualidade, diferente da Dominante.
Livros que atacam o Sistema, porque mostram as suas incoerências. São mais
perigosos que bombas. Mas não querem matar ninguém. Só o nosso ego.
Individual ou colectivo.
Pois é, há muitos santos no meu quarto da casa da minha mãe.
(Nenhuma santa, criticariam as feministas crentes...Vamos ver se isso é certo... Mas há! No Poster do Monsenhor Romero veêm-se várias mártires de todas as lutas populares da ALC: Febe Elizabeth Velásquez, Silvia Arriola, Mélida Anaya Montes, Madelaine Lagadec, Idalia López Salazar, Marianella García Villas, Laura López, Ana Cecilia Rivera Rodríguez, Maura Clark, Celina Ramos, Xenaida Marroquín, Tania Valentina Parada Guirola, Rufina Guevara, Norma Virginia, Arlen Xiu.
Lutas pacíficas, mas firmes. A Causa do Reino e da sua Justiça).
Muitos
sant@s mesmo,
Naquele
meu quarto.
O
único que sobra lá sou eu!
28.08.06
(santo agostinho)
nagpur
24.12.06
11. IOGA
(Começar
a fazer Ioga: o início de uma Alternatividade que com os anos se
desenvolveu, mais e mais. Ai! aquele livrinho barato: não tinha dinheiro para
comprar o mais caro deles, fi-lo depois, muitos anos após, muito menos para
poder pagar umas simples aulas de Ioga! Foi o começo de tanta coisa. E de tanta
ilusão, que me deu Força. Pobre... “mas” lutador).
Sozinho,
No quarto,
As primeiras lições.
Com
o livro ao lado.
E muita liberdade interior.
Philosophy of the Sixties.
E
continuar depois com a meditação,
Ao
final,
Que
é o começo
De
um outro final.
(Não
durou muito o Hatha Ioga. Sim a Meditação. Simplesmente, transformou-se.
Disciplina: todos os dias, sentar-se. Unido depois, um ano mais tarde, à
reflexão filosófica pessoal. No verão, depois do COU. Começar a ser eu próprio.
Filosofia que surgiu a partir do Esoterismo, não para ser Doutor ou Académico.
Mas para uma Nova Vida. Sem saber! Sem Saber!).
Ioga
com bastante dor posterior, Ioga que conduziu a minha vida por rumos
insuspeitos (e, anteriormente, até repudiados!).
É,
as
aventuras não são só de Belezas.
Ioga,
Fonte
de Espiritualidade.
(Valeu
a pena. Começar a Ser. Aceitar a minha própria Existência como Problema e
Tarefa).
Ioga,
grande benção de Deus para a Humanidade. Sem criador conhecido. Muit@s
colaboraram. Esforço colectivo. Anónimo. Disciplinado. Muito exigente. Limpeza.
Paz. Alegria. Pureza.
E o
Sol, Surya, que nos ilumina, sem querer aproveitar-nos dele.
Simplesmente,
Suryanamaskar.
E a
Lua, que nos banha na sua Sabedoria, sem nada pedir. Gratuidade. Doação. O
Caminho do Espírito.
Simplesmente,
Chandanamaskar.
E os
dois juntos (Sol/Lua, Surya/Chand): Um só.
Nada
aonde chegar. Já estamos lá! Só falta descobri-lo. Ainda que toda uma vida (há mais do que uma?) seja necessário
para isso!
Obrigado
pelo Ioga-União!
Dhanyavād.
Namastē.
Ishwar.
06.09.06
nagpur
14.12.06
12. ZAZEN
Continuar.
As pernas doloridas, mas continuar! Sempre continuar. Sem fim. Até o Satori.
Mas já estamos iluminad@s! Só que precisamos de o sentir.
Continuar.
As costas rectas, de novo. E parecia que já estavam direitas! Assim é a vida.
Temos uma falsa imagem de nós própri@s. É preciso estar/ser conscientes disto.
Continuar.
Ainda faltam dez minutos. Que eternidade! Hoje este Zazen-kai foi
demais. Faz muito calor no dojo, neste Verão. Ainda por cima vestido com
a túnica zen... Mais um obstáculo a vencer. Sempre aparece um obstáculo mais.
Como os moinhos de vento do D. Quixote.
Continuar.
O director da sessão levanta-se e passa com o kyosaku, mas não acho
necessário ser golpeado nas costas. Aguentar até o final. A Mente continua
dispersa, mas não tanto, porque está consciente da dor. Ao princípio era
excelente. Até parecia que a Mente estava mais livre... Mas agora...
Continuar.
Libertar-se de pensamentos, emoções, imagens... Mente-Corpo, caídos. Lembro-me
de tanta coisa! Mas também volto a começar, sempre re-começar. Assim é a vida
interior. Sempre recomeçar. E parece que não se vai para a frente, mas para
trás. Sempre “escarafunchar” no já dito ou feito, ou pensado, ou imaginado... e
ir para trás! Não parece que se avança, mas que se retrocede. Ao contrário.
Continuar.
Retroceder, retroceder, retroceder. Aprender a deconstruir,
valentemente, toda a Própria Vida, até que não fique nada mais para Queimar.
Esse é o verdadeiro Começo, o Ponto de Partida.
Continuar.
A Vida é um Paradoxo. Nós também. Somos ou não somos?
Por
fim, soam os três gongs. Libertação! Uma Luta mais, uma luta menos.
Ainda não foi desta a Satori. Quando será?
Quando
os dois pássaros da fábula terminem de secar o Oceano com o seu corpo e asas
molhados, para que o Oceano devolva o cadáver do seu filho afogado.
Então
talvez aí comece o que não tem começo, para acabar onde sempre começou!
Continuar!
07.09.06
nagpur
14.12.06
13. NAQUELE ZAZEN-KAI
(“O RISO”)
Como se tudo estivesse vivo.
Mas não!
Tudo está realmente vivo!
Só nós “vivemos” como mort@s.
Adormecid@s!
Definitivamente,
naquele dia, naquele zazen, acordei... um pouco...
Mas quem é esse “eu”
que acordou um pouco (ko’an)?
lisboa
11.09.06
nagpur
14.12.06
14. LIBERDADE
(NUMA PRAIA NUDISTA)
Nesta Praia Nudista, o mais importante é libertar-se.
Libertar-se
dos convencionalismos.
O
mais importante não são os corpos nus, ali um pouco mais à frente de mim, mas
olhar o Céu, deitado, olhar o Azul Infinito, onde os Pássaros (Gaivotas?)
esvoaçam, quase sem mexer as asas, aproveitando a dinâmica do ar, excelentes
engenheiros práticos, empíricos.
Nesta
Praia Nudista, com argila e mar forte, água muito salgada e areia selvagem, o
mais importante é experimentar a Liberdade que cada dia nos é negada na Cidade,
a opressão dos Corpos obedecendo a Convenções (fabricadas por quem? Para quê?).
Está
muito calor a estas horas do dia.
Mas
as Gaivotas continuam o seu Voo Delta, divertindo-se, sendo Espírito, rindo e
vivendo Liberdade por todos os poros.
13.09.06
14.12.06
15.FILO-CINISMO
(VIVA DIÓGENES!)
Qualidade
de Vida sem qualquer posse. Rir-se da loucura in-humana. Procurar um Homem.
Desprezar o Poder. Comer pouco, mas
Aprender a viver com muito pouco. Como uma espécie de
Asceta com muito Espírito, com muito Sentido de Humor. Provocar para fazer
pensar. Para não a-dor-mecer. Neo-cinismo nos nossos dias.
Visitar mega-shoppings center sem gastar um só
tostão, rindo-se da Vaidade humana. Da nossa Ignorância. Dos Desejos que nos
dominam. Programados para nos dominar. Ler o jornal grátis, naquele bar
conhecido. Ou então, receber o jornal grátis que nos dão no Metro. Receber
grátis um livro naquela interessante conferência de algum inspirado intelectual
que vem Transformar o Mundo. Comer comida vegetariana naquele lugar conhecido
(especialmente fruta!). E water therapy, muita water therapy!
E rir-se muito, muito, muito mesmo. Laughter therapy!
Viver intensamente o Momento Presente, o Presente Eterno,
sem Pensamentos. Só consciente das Percepções, deixando que surja
O-Que-Tem-Que-Surgir.
Nudismo. Ecologismo. Pacifismo não-violento. Feminismo.
Indigenismo. Anarquismo. Tudo na Prática, a melhor das Teorías. E desconfiar
das Abstracções. Que secam, envenenam, enganam.
Viver a Maravilha de um Novo Dia, com uma Nova Mente.
E Agradecer ao Inominável uma Nova Oportunidade para Ser
Nele.
lisboa
13.09.06
nagpur
24.12.06
16.TRATADO FILOSÓFICO DA VIDA ABORRECIDA
(A CAVERNA DE PLATÃO)
Há quem sinta que a Vida é uma Paixão Inútil num Mundo Adormecido. Aborrecer-se. Mais do Mesmo. Voltar a repetir a Rotina de sempre. Boring.
Estudar o de Sempre. Educar-me ou “amestrar-me”? Como aos ursos. Como aos elefantes. Repetir as mesmas coisas continuamente. Obedecer. Disciplina externa, artificial. Estudar uma carreira de Êxito... para o Sistema! Formar-me. Casar. Ter filh@s. Reproduzir a Espécie. Fazer a mesma papelada de sempre. Obedecer.
O mesmo gesto outra vez. De novo voltar para casa pelo mesmo caminho. Encontrar os mesmos rostos anónimos na rua. Chegar de novo a casa. O mesmo escritório de há décadas. O mesmo chefe. Quase todos os mesmos companheir@s. Obedecer.
As dificuldades para chegar ao fim do mês. Sempre o Consumismo. Outra vez Votar pelos mesmos de sempre, com outras caras, com outras promessas. Mas os mesmos de sempre. O Engano de Sempre. Nada muda! Obedecer.
Querer Mudar e Sempre fazer o Mesmo. Nem nas férias poder ser livres. Obedecer às modas das praias deste ano. Vestir-se à moda. Pensar à moda o que @s outr@s pensam, para não ser marginalizad@s. Calar o que destoa. Obedecer.
O Diabo é esta mesma vida repetida.
Boring, boring, boring!
Obedecer.
A quem?
Hipotecar quase toda a vida laboral para comprar uma Casa. Comprar todos os (In)seguros possíveis. Comprar A Prazos. Sentir A Prazos. Pensar A Prazos. Morrer A Prazos. Pagar o caixão e a Campa... A Prazos. Flores em cima. Relvado. Árvores.
E,
Lá
Mesmo,
Curiosamente,
Os Passarinhos sobre as Árvores,
Piando,
Cantando,
Alegres
E
Livres.
lisboa
20.09.06
nagpur
24.12.06
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO................................... 4
I. POESÍA..................................... 10
1. Estar...................................... 11
2. O Universo Mora no Bairro da Minha Mãe........................................... 13
3. Ser (Pássaro).............................. 20
4. O Mundo está (L)O(u)co (Ou das Tremendas Semelhanças com Lao-Tse)...................... 25
5. Eterno Caminhante.......................... 28
7. Emigrante..................................
34
8. Esotérico/Exotérico........................
37
9. Nirvana e Samsara..........................
39
10. Mística...................................
41
11. Silêncio..................................
44
12.
Acção..................................... 46
13. Morte.....................................
49
14. Tri-unidade...............................
51
15. O Vegetariano.............................
53
16. O Caleidoscópio...........................
55
APÊNDICE: DOS CEM NOMES
DIVINOS............... 57
II. PROSA POÉTICA.............................
61
1. Nada (Nihil)/Tudo..........................
62
2. Trilogia Temporal
(Passado-Presente-Futuro) 64
3. Iluminação.................................
67
4. Sol-Lua....................................
69
5. Mistério...................................
71
6. A Montanha (Ou a História
da Serpente Esmagada)..................................... 73
7. Naquela Capela lá do Norte.................
77
8. Lá, em
Miraflores.......................... 79
9. Depois de falar sobre a
Morte.............. 81
10. Os Santos que habitam o
meu quarto da casa da minha mãe..................................... 83
11. Ioga......................................
85
12. Zazen.....................................
88
13. Naquele Zazen-Kai ( “O
Riso”)............. 90
14. Liberdade (Numa Praia
Nudista)............ 92
15. Filo-Cinismo (Viva Diógenes!).............
93
16. Tratado Filosófico da Vida
Aborrecida (A Caverna de Platão)............................ 95
ÍNDICE........................................
97
That you are not “the thinker”.
The moment you start watching the thinker,
A high level of consciousness becomes activated.
You then begin to realize that there ist a vast realm
Of intelligence beyond thought, that thought is only a
Tiny aspect of that intelligence.
You also realize that all the things that truly
matter-
Beauty, love, creativity, joy, inner peace-
Arise from beyond the mind.
You begin to awaken”[8].
ESPAÇO PARA ANOTAÇÕES PESSOAIS
(PENSAR LIVREMENTE...)
[1] ERNESTO
CARDENAL
[2] BEDE GRIFFITHS,
The universal Christ, Darton, Longman and Todd Ltd., London, 1990, p.
28.
[3] Cfr. Ibid.,
p. 48.
[4] Cfr. Ibid ,
p. 21.
[5] NOTA: Este texto pretende ser a continuação lógica
da minha tese de doutoramento em filosofia sobre o Holismo (Filosofía de
[6] OBSERVAÇÃO: Este texto foi escrito entre Portugal e a
Índia. Em Portugal, foi a primeira redacção e a última correcção, enquanto na
Índia (e no Nepal) foram as restantes correcções. Cheguei à Índia, a 4 de
Outubro de 2006, festa do sempre admirado Irmão
[7] ALAN DE LILLE, Regulae theologiae,
7.